quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Fausto

Em 14/03/2010

Ele diz, como um déspota
A humilhar
Dizem que pode, então bota
O tal pra dançar

Aliena, destrói, engana
Todo mundo ainda quer ver
Tudo por causa da grana
Também há ilusão de poder

Mas conquista, enlouquece, comove
Em torno "disso" o mundo move
E continuamos a amar

O Globo continua a girar
Acomode-se, pois ninguém irá notar
Quem sabe, um dia, o império morre?

Endógeno desbrio

Em 15/03/2010

Quando menos espero
Ela vem e, sedutora, estraçalha
O que juntei com esmero

Me derruba, mas em seguida,
fingida,
Junta os cacos do meu ser.
Ou mente
Diz pra mim que sente
muito; E logo vem me desfazer

E mesmo que eu lute
Parece até que ela curte
Não há como escapar
de amar

Paixão, coisa imanente
inconsequente,
Vem me desatinar
Louca, eloquente
E talvez quase imprudente
Consegue até me enganar...

Ego

Em 08/07/08

Eu
Você não pode dizer outra palavra?
Está perdida em seus princípios e defeitos
Que não percebe o quão egoísta é

Sempre por trás de máscaras
Fingindo não sentir, não falar
O complexo de si mesma a cega

Você, você, você, você
Parece até um robô, disco quebrado
Porém não quer assim ser
Não mais uma laranja podre
Mesmo todas sendo em sua volta

Mas você, você, você.
Por que insiste em no fundo pensar?
Questiono se é verdade o que pensa
A vantajosa disparidade é válida...?

Por que despreza tanto?
repugna-se por ser o que é
Por detestar defeitos seus
Não conseguir se livrar

A natureza humana a persegue
Olhe o pano com que se limpa
mais sujo que a esfera está
mas o que importa pra você é ela

Tic, tac, e o tempo passa
O relógio da bomba engole os segundos
Bomba? A sua bomba!

Você, você, o que?
Não consegue mais viver?
Pare de se queixar, o que fazem? 
Só o amor pode explicar...

Porém você se enrola mais.
Ah... a sua esfera e esse pano
Não consegue seguir ou fazer.
Princípios e pensamentos em vão.

Mas você
Você...
Eu...

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Hoje

Dezenas de coisas a fazer. Responsabilidades me chamam... Mas eu só penso em você.
Meus olhos ficam marejados.
"You have no idea how I missed you". Missed you. Missed. O verbo no passado é o que mais me atrai nesta frase. De poder dizê-la com sinceridade...
Sabe, alguns dias são mais difíceis que outros. Sim, é claro que sabe. E a saudade é mais ácida hoje, corrói sem dó. Sem perguntar-me se tenho tempo, disponibilidade ou condição de sentí-la. E inexplicavelmente as lágrimas não conseguem ser contidas. Sem um porquê, sem um estímulo, elas simplesmente rolam pra baixo roçando minha pele como você poderia estar fazendo agora.
Volte. Só pra me dar um beijo. Dizer que me ama e que um dia nossos planos serão concretos.
Concreto? Certo! Com certo desconcerto vou consertando o certo... Desconsertando o concreto. E vira pó.
Um texto. Dois corpos. Um desejo. 4 meses.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

(Vinícius de Moraes)

Hino de Natal

Daí a gente acha umas 20 folhas avulsas no meio de um caderno perdido. São tantos textos, tantos poemas. Então resolvo abrir o caderno que eu guardo "os melhores" - se é que algum dia teve um realmente bom.
Aqui vai minha inspiração de alguns anos atrás (ritmo: merry christmas):

Queremos que você compre...
Se encha de novas dívidas...
Queremos que você compre,
no nosso mundo capitalista!

Queremos que você compre!
Que esqueça que ali na esquina,
tem alguém necessitando
de um pouco de comida!

Queremos que você compre,
Queremos que você compre,
queremos que você compre
no nosso mundo capitalista!

~ Observação: nota-se a revolta da pessoa durante o natal.

domingo, 1 de junho de 2014

Nostalgia

Mais uma noite de tédio.
Fico imaginando se seria diferente se eu não tivesse desistido de tudo.

Paro na varanda... Sinto o ar gélido do inverno entrar. Mudo o foco. Me lembro de quando era pequena, e fazia o mesmo, brincando com as luzes.
E penso que se não posso voltar nem a um passado, nem a outro, minha distração é inventar um futuro... E esperar que seja mais possível. É só sonhar...

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Devaneios infantis

Uma formiga, duas formigas, uma colônia de formigas. Sobem e descem sem parar. O tempo voa devagar. Uma garota, uma mãe, um celular. Sentam-se ao meu lado no banco.
“Mãe, vamos embora!”, pede a garota ansiosamente. “Espera só um pouco, estou tentando fazer algumas ligações”, responde a mãe. “Mas eu quero ir embora, mãe, vamos! Vamos!”. A menina não prestara muita atenção no que a mãe dissera, só pensava em ir. Olhei para ela, estava pulando e brincando com seus longos cabelos. Devia ter seus 6 anos, e lembrei que nessa idade eu era um pouco parecida com ela.
“Mãe, você é muito ‘sabidona’!“, disse a garota. Fiquei tentando imaginar o porquê daquela afirmação. Ela repetiu a frase algumas vezes, e perguntou novamente se podiam ir embora.
“Estou tentando ligar pra alguém, mas não consigo. O celular não completa as ligações nem manda mensagem“. Ela era uma criança, e aquelas palavras não tinham importância. Uma criança, que naquele momento só precisava se preocupar em brincar, enquanto esperava. Uma criança, que quase todo o tempo só precisava se preocupar em brincar. Lembrei-me de como as coisas eram mais simples naquele tempo. De como tudo era mais fácil, e a felicidade, singela. Mas também as emoções mais afloradas. Todo fim era o mais triste, toda briga a mais dolorosa. Mas você é você mesmo, sem se preocupar em ser nada ou ninguém mais.

Olhei para o lado novamente. A garota se foi, sem eu nem ter notado. A infância se foi, o tempo estava acabado.

sábado, 7 de setembro de 2013

Esbarro

Ela não sabia se era coincidência ou não. Tampouco se a agradava ou incomodava. Só sabia que sempre acontecia.
Não eram só os horários. Talvez nem o local. Era a intuição. Estava sempre certa, por mais que logicamente, o caminho indicado pudesse ser outro.
Por quê? Perguntava-se constantemente. Às vezes preferia não sentir nada. Aquilo era como uma droga, e ela, uma viciada. E assim como qualquer droga, era bom consumi-la, mas depois era dor, tristeza e ansiedade.
"Se eu pudesse canalizar..." Mas não podia. Não sabia como, ao menos. Todo aquele potencial gasto em uma coisa da qual gostaria de fugir.
Ou talvez fosse o contrário. No fundo ela sabia que ainda desejava tudo aquilo. E se por um lado a incomodava, a intuição era um tipo de elo que ainda restava entre eles. Suas mentes, de alguma forma, ainda estavam conectadas. Mas ela não sabia se deveria cortar a conexão. Ela só não sabia...

domingo, 1 de setembro de 2013

La vita

"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela." 
Fernando Pessoa

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Mais uma sobre o amor...

"Carlos Drumond já dizia:
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça, Deus te mandou um presente: O Amor.
Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR."

Autor desconhecido.

sábado, 24 de agosto de 2013

Um dia me disseram sobre o amor...

O amor é uma das chaves da revolução.
O Islã diz que o companheiro ou companheira deve ser somente como um abrigo no frio. Piedade e proteção.
Uma definição bela, pois o maior problema pelo qual as relações em geram duram pouco ou se frustram, é que cada uma das partes que a compõem, ou seja, o indivíduo, deposita no outro tantas expectativas – ao estilo dos filmes de Hollywood, desse amor perfeito que nos vendem e que não é real – que as relações se desgastam muitas vezes por isto, por nos fazerem crer que o outro é o nosso salva-vidas, que vai nos tirar da angústia, mesmo aquela intrínseca da existência, e isto obviamente nunca ocorre.
Por isso temos que aprender a colocar no outro, que se torna tão importante em nossas vidas, na sua medida exata. Nem mais, nem menos. Este abrigo cheiroso e gostoso no inverno, que nos dá proteção, que não é o fim da existência quando não o temos, mas sim um complemento maravilhoso quando é bem entendido, quando ambos sabem o papel que cumprem.
A complementação é real quando se busca o verdadeiro equilíbrio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sonhos...

"Toda vez que alguém desiste de um sonho, um anjo fica desempregado".
"Antes as inquietações de um amor do que a paz de um coração vazio".


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Egoísmo

Eu sou egoísta.
Sou egoísta por querer alguém assim tão perto.
Sou egoísta por querer alguém assim tão meu.

Pois não é aquele sentimento que os possessivos têm, não.
Te empresto, te dou, não te prendo.
Sem ciúmes, inveja ou rancor.
A minha exigência é não ter consciência
não ter medo, resguardo ou pudor.

Eu sou egoísta por te querer.
Sou por intentar ser pra ti o que és pra mim.
Talvez não exclusivo, e mesmo que tão sucinto
alguém único assim.
Com um sentimento sem fim.

Viagem ao rio

Queria ter raiva de vc, por um motivo qualquer.
Por quebrar o meu pé, por, não sei, ter chulé, ou não mostrar o que é.
Só queria me enraivecer. Só queria não mais te querer.

Naquela tarde eu te conheci, naquela sala que eu apareci...
Ah...quela sala... Qual delas? Se diz... Em qualquer uma eu te quis, desde quando te vi.
Se o que rola é destino, ou só coincidências, fatos e consequências, quem sou eu pra saber?
Ninguém.
Alguém, certamente, em sua vida. Alguém que você nunca vai esquecer, eu sei.
Alguém que eu não importei, beijei. Regras servem pra que? Só pra te querer.

"Ne me quitte pas", digo eu antes de deixá-lo ir. Mas é tarde e você não voltará. Não mais.
E deixa aqui a saudade, a sensação de liberdade... Estranha, enfim. Mas pra falar a verdade, eu quero mesmo que vá.
Não era a nossa vez agora. Daqui um tempo, quem sabe outra hora. Qual futuro poderíamos ter?

Depois de dez anos nos esbarramos. Eu solteira, cê quase casando. Vamos lá nós só mais uma vez...
Depois de dez anos não encontramos. Sem notícias, sem cartas, sem planos. De lembranças nosso amor se fez...

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Encruzilhada

Dúvida
vida
ida
volta.
Revolta.
Recorda
corda
enforca.
Força.
Discurso
exemplo
Ideia.
Ideia
ideia.
Razão.
Emoção.
Ação.
Vazão
questão
padrão.
Certeza.

sábado, 10 de agosto de 2013

Encontro mental

Volte! E porque eu deveria? Bom, quero usar você. E diz assim, na lata? Ué, tem outro modo? Você poderia ser mais sutil, ter um pouco mais de educação. Ok. Desculpe-me. É que realmente quero que fique comigo. Acho que já passou sua hora. Mas me lembro tanto de você! De como se compunha pra mim... Volte... Mas não posso, mesmo se quisesse. Já não seria a mesma coisa. Porque não tentar? Vamos! Você não entende, né? Não adianta tentar reviver o passado. Mas eu não estaria revivendo o passado. Mas sim um presente que já aconteceu de forma parecida antes. Não haveria o mesmo sentimento, é isso que quero dizer. Bom, eu continuo te desejando da mesma forma. Não é só questão de desejo. Do que se trata então? Se você me deixar explicar! É disso que estou falando! Já nem lembro exatamente o que ia dizer! Pra mim já deu. Só porque eu não deixei você ser ouvida tem que me dar às costas e ir embora? Ei, as coisas não são assim, não! O que quero dizer é que as coisas devem ser vividas no momento que as sentimos. Se você me reprimir o tempo todo isso nunca dará em nada! Entendo. Mas essa coisa, de sentir o momento, o que tem a ver com a gente? Tudo! Como assim? Ora, deixe-me fluir em sua mente, e verás. Mas não posso deixa-la assim. Eu tenho uma vida a ser respeitada, com horários, compromissos e outros sentimentos. Então terá que escolher entre essa vida e eu. Não pode ter as duas coisas. Mas você é egoísta! Não. O problema é que você não consegue se dedicar a mim enquanto vive essa sua vida que tanto preza. E se eu reservar um tempo só pra você, onde nada nem ninguém possa interferir? Se for assim, tudo bem. Mas lembre-se que nem sempre EU estarei disponível quando você estiver. Não é fácil vir te encontrar. Mas como eu fico então? Você sempre pensando em si, né? (...) Bem, pode aproveitar o tempo livre, quando eu não chegar a tempo. Mas vou fazer o possível para ir. Quero saber se quando eu estiver disponível você vai largar suas tarefas pra vir de encontro a mim. Depende. Sabia. Ora, não posso largar tudo pra ficar com você! Mas é claro que, se não for algo importante, nem precisa chamar duas vezes. Sendo assim, estamos combinados. Mas você não vai voltar? O que esperava, depois de tanto tempo? Mas já disse que ainda me lembro de tudo! Mas não sente mais. Quando for assim, quando me desejar tanto, tire um tempo pra mim. Um tempo só pra nós. E eu serei toda sua. Tentarei, sempre que puder. Mas e quando não conseguir? É esta sua sina. Sempre que eu vier e você não puder me dedicar sua atenção, eu irei embora e permanecerei só nas memórias. Você desejará que eu volte, mas não adiantará, pois o sentimento terá ido embora. Então sempre que conseguir, viva o presente, viva o sentimento que se passa naquele exato momento. Se não der, será que é possível voltar depois? Acho que sim. Depende de você, de suas escolhas, e do que ainda vai viver. Mas se ajudar, pegue papel e caneta, o celular, o notebook, gravador, qualquer coisa que estiver mais próximo, e registre. Registre aquele sentimento instantaneamente, e então será mais fácil me encontrar depois. Será mais fácil me escrever... Fico imaginando quantos textos eu poderia ter escrito se você não tivesse ido. Pense então em quantos poderá escrever se não me deixar. Sinta. E escreva. Estou escrevendo agora... Sim... E eu estou com você. Então me escreva.

A vida, dos amores que tive. Parte 1

Como saber se uma cena do cotidiano ficará na nossa memória por toda vida ou será esquecida dias depois? Um episódio marcante é facilmente relembrado, como o primeiro beijo, um anúncio de falecimento, o primeiro dia de aula ou trabalho, uma briga intensa, e coisas similares. Mas quando se trata de um evento comum, como entrar em casa com sua madrinha, ou andar de patins com seu pai, admirar uma foto avulsa, ou ver um desconhecido na rua, o que torna tais circunstâncias memoráveis?
...

Eu participava de uma feira do conhecimento, parecida com aquelas feiras de ciência dos filmes. Mas era de todas as matérias. Eu estava no bloco da matemática, obviamente. A matemática sempre teve um papel especial na minha vida. A professora me liberou por alguns momentos e eu fui olhar algumas salas. Entrei na de inglês: era outra matéria que me fascinava. Mas naquele ano o espanhol estava junto. Havia fotos de vários países onde a língua pátria era uma das duas. Olhei várias, inclusive uma que tinha um castelo, e outra que tinha um homem de sunga na praia. Não era uma pessoa chamativa: eu diria que tinha sua beleza, mas não me apegaria a isso, não era algo destoante  tão marcante.
(...)
Era a última semana de aula de 2003. Eu queria achar o irmão de um garoto que eu gostava. Parecia que iam mudar de colégio e eu queria confirmar a história. Andando em uma rua próxima ao colégio avistei um homem que não conhecia. “Buenas”, ele disse. Respondi com um sorriso. Continuei minha busca e o homem sumiu na multidão, do mesmo jeito que chegou.
(...)
Não me lembro do motivo de estar subindo até o terceiro andar. Segurava o fichário nas mãos, e ia contra um enxame de pessoas que desciam. Acho que seguia alguém, pois quando trombamos nossos ombros, eu não olhava por onde andava, mas fixamente para algum lugar que já me esqueci. Derrubei minhas coisas, ele se virou pra me ajudar e pedir desculpas. A culpa foi minha, pensei. Sorri e ele se foi. Nem cheguei a agradecer.
(...)
Três cenas estranhas, que não fazem sentido algum separadamente. Ainda mais quando se trata de um desconhecido. Mas era sempre o mesmo desconhecido. Por que estes eventos ficaram guardados? Só mais de um ano depois do primeiro caso eu iria saber.

No início ele era uma pessoa normal. Absolutamente normal. Algumas amigas minhas retratavam seu deslumbre com a sua beleza, mas nada do que elas falavam fazia sentido pra mim. Ou eu só não queria que fizesse. Começamos a conversar. Era inteligente, notava-se rapidamente. Mas não era uma inteligência clássica e acadêmica, como um daqueles mini-gênios que aparecem em programas de TV ou são retratados na história, Stephen Hawking, Einstein, Marie Curie... Talvez ele dominasse a arte de fazer amigos. Fui me aproximando. Comecei a notar seu perfume. Nunca encontrei semelhante, embora tivesse buscado incansavelmente. Mas até então era só. Um perfume marcante e uma boa conversa. Mas isso não era nem o começo do que estava reservado pra nós.
Era julho, 5 meses depois de nos conhecermos de fato. Percebi que tudo o que minhas colegas diziam no início do ano não só fazia sentido, como eu achava ainda mais. Percebi que tinha conhecido a pessoa mais incrível do mundo. Ao menos pra mim e pra outras dezenas de outras pessoas que o conheciam também. Ele tinha sido assaltado, e precisava voltar à Argentina, refazer seus documentos. Eu ficaria três semanas sem vê-lo, o que parecia ser tempo demais. Despedimo-nos com um abraço apertado, e esqueci o resto do mundo naquela hora. E mesmo sabendo que durou um bom tempo, sempre seria curto demais. Quando nos separamos parecia que todos olhavam para nós. Virei-me e fui embora sem olhar pra trás. A timidez ainda me sufocava um pouco.
Ao longo de um ano e meio, conversamos muito (minhas contas de telefone que o digam!), e aprendemos muito juntos. Mas, bem, ainda era o começo. Ele estava de partida. Não era como aquela, de três semanas, ou como férias normais. Era definitivo. Talvez ele nunca mais morasse aqui, e se voltasse, ficaria muitos anos fora. Bom, realmente não era seu lugar. Não posso dizer que foi fácil vê-lo ir, muito pelo contrário. Lembrava-me dele em cada esquina que conversamos, em cada coisa que partilhamos. Senti muito sua falta, de verdade. Mas o que ele faria lá fora era muito maior. Eu ainda não sabia.
Era uma quarta-feira de 2007, ultima semana de aula, liguei o computador rapidamente, por 15 minutos. Não havia motivo especial para isto, só vontade de checar as coisas. Entrei no bate-papo (nem sei porquê, já que ia desligar o pc em minutos), e foi quando o vi online. “Estou em BH”, ele diz, quando me viu entrar. Fiquei em choque. Depois de me recuperar, perguntei se no dia seguinte ele tinha compromisso. Só a tarde, foi a resposta. Marcamos de nos encontrar às 11:50 então. Eu nem sabia como faria isto, pois estaria em aula nessa hora. Mas eu daria um jeito. Sempre dei.
No dia seguinte nos encontramos. Ele não era mais a mesma pessoa que saiu daqui, a começar pela barba, que agora estava enorme, e a cor do seu rosto, que agora estava queimada de sol, como se tivesse caminhado muito durante o dia nos últimos tempos. Começava uma nova fase pra mim naquele ano, e as coisas mudaram também depois daquele encontro.  Nos anos seguintes nossas conversas se tornaram mais raras, porém cada vez mais construtivas. Sempre tínhamos um detalhe para acrescentar, algo pra aprender um com o outro, sobre política, sobre religião, sobre a vida e seus amores. Sobre tudo enfim.
(...)

O amor não acaba, ele se transforma.

E pode se transformar em várias coisas. Há aqueles que se transformam em ódio. Aqueles que se transformam em saudades. Aqueles que se transformam em amizade. E aqueles que se transformam em mais amor ainda. Mas aquele que se amou tanto nunca lhe é indiferente. E foi assim conosco. Quanto maior o salto, maior o tombo, é o que dizem. Depois de tudo que aconteceu aquele ano, decidi colocar as coisas em seus lugares, e viver uma nova vida. Nossa amizade pode não ser a mais intensa, ou mais bela, mas certamente deixou marcas que nunca serão esquecidas, e mais que isso, que determinaram e muito nossas vidas.
O homem é a soma daquilo que ocorre a sua volta, quando uma pessoa convive um determinado período com outra, influencia seu jeito de viver, suas ideias. Mas com o passar do tempo, você pode se modificar novamente e não serem mais parecidos. Depois de tanto tempo eu mudei, e muito. Certamente não temos as mesmas ideias e ideais. Mas a essência, aquela esperança que um dia ele depositou em mim, e todas suas consequências... bem... esta ficou.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Picolé...

Apesar do sol, o vento roçava na minha pele, deixando-a fria, e quando era mais forte chegava a me encolher. Era linda a cena. Um mar límpido a minha frente, e eu brincava com a fina areia com os pés, enquanto lia um livro qualquer à beira da praia, sobre um homem que de um dia pro outro resolveu jogar tudo para o alto e mudar de vida. Então fui interrompida por um carrinho de picolé que buzinava em minha frente. O condutor era um senhor com seus 80 anos, talvez pouco mais, ou pouco menos. Buzinava em um certo ritmo, brincando com um garoto que não devia passar de uns cinco anos, que se encantava com aquele som. Ambos sorriam, o menino olhando para ora vendedor, outrora para a buzina. Mas tão rapidamente quanto chegou, o garoto se foi. Não levou nenhum picolé. De repente percebi a cena acabou. Meio que por inércia, fiquei encarando o senhor e, quando este retribuiu o olhar me pegando de surpresa, decidi não fingir que não estava olhando e desviar, mas sim sorrir para ele. Disse-me algumas palavras que não entendi, e depois de algumas tentativas de repeti-las, conversávamos sobre a busca de comida pelas pombas e gaivotas na beira da praia. Não me parecia um assunto muito importante, tampouco muito comum. Mas era um senhor bem simpático, certamente. Falava de um jeito que emanava calma, em um tom mais baixo, reconfortante. Porém seu olhar carregava um misto de cansaço e tristeza, que a idade só fazia agravar.
Parecia não ter vendido muitos picolés, era inverno, e por mais limpo que o céu estivesse, a temperatura ainda era baixa. Já passavam das 3 da tarde, e seu olhar tentava encontrar possíveis clientes, mas a praia se esvaía a cada minuto. Passado um tempo, ele continuou seu trajeto, com o que ainda lhe restava de esperança e energia. Pelo caminho foi deixando sua marca pela areia, e nas pessoas que encontrava. Naquele momento me senti como uma criança novamente, e junto daquele sentimento, veio uma inocência que só se tem quando a experiência neste mundo é pequena:

- Senhor, eu queria poder lhe comprar todos os picolés – eu sussurrei, olhando para o tempo...

segunda-feira, 13 de maio de 2013

É loucura jogar fora...


"É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo"
O Pequeno Príncipe

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Saudade


Saudade!
É a mistura de dor, alegria, sorrisos belos e sonhos realizados, de caminhos percorridos e choros com soluços de realizações.
É a conquista de ter lutado por algo que valia a pena, mesmo não tendo conseguido.
É conhecer pessoas de mundos diferentes e brincar com o som da felicidade.

(Autor desconhecido)

sábado, 20 de abril de 2013

Linda história!


Certo dia, uma mulher avistou um mendigo, sentado em uma calçada nas ruas de São Paulo...
Aproximou-se dele, e como o pobre coitado já estava acostumado a ser chacoteado por todos, a ignorou...
Um policial, observando a cena, aproximou-se :
- Ele está te incomodando senhora?
Ela respondeu:
- De modo algum, eu é que estou tentando levá-lo até aquele restaurante, pois vejo que está com fome e até sem forças para se levantar. O senhor me ajuda a levá-lo até o restaurante?
Rapidamente o policial a ajudou, e o pobre homem, mesmo assim não querendo ir, pois não acreditava que isso estava acontecendo:
Chegando ao restaurante, o garçom que foi a tendê-los disse sem pestanejar :
- Me desculpe Senhora , mas ele não pode ficar aqui... Vai afastar os meus clientes!!!
A mulher abaixou e levantou os olhos e disse:
- Sabe aquela enorme empresa ali na frente - apontou com o dedo - Três vezes por semana, os diretores de lá juntamente com clientes, vem fazer reuniões nesse restaurante, e sei que o dinheiro que deixam aqui é o que mantém esse restaurante. Pois é, eu sou a proprietária daquela empresa. Posso fazer a refeição aqui, com o meu amigo... Ou não?
O garçom fez um gesto positivo com a cabeça, o policial que estava de longe observando ficou boquiaberto, e o pobre homem, deixou cair nesse momento, uma lágrima de seus sofridos olhos.
Quando o garçom se afastou, o homem perguntou:
- Obrigado Senhora, mas não entendo esse gesto de bondade.
Ela segurou em suas mãos, e disse :
- Não se lembra de mim, João ?
- Me parece familiar - respondeu - mas não me lembro de onde.
Ela, com lágrimas nos olhos, disse:
- Há algum tempo atrás, eu recém formada, vim para São Paulo... Sem nenhum dinheiro no bolso... Estava com muita fome... Sentei-me naquela praça, aqui em frente, por que tinha uma entrevista de emprego naquela empresa, que hoje é minha. Quado se aproximou de mim um homem com um olhar generoso. Lembra-se agora João?
Ele, em lágrimas, afirmou que sim.
- Na época o senhor trabalhava aqui. Naquele dia, fiz a melhor refeição da minha vida, pois estava com muita fome, e até sem forças. Toda hora, eu olhava para o senhor, pois estava com medo de prejudicá-lo, pois estava ali comendo de graça. Foi quando ví o senhor tirando dinheiro do seu bolso e colocando no caixa do restaurante. Fiquei mais aliviada. E sabia que um dia poderia retribuir. Alimentei-me, fui com mais forças para a minha entrevista. Na época, a empresa ainda era pequena... Passei na entrevista, me especializei, ganhei muito dinheiro, acabei comprando algumas ações da empresa, e com o passar do tempo consegui virar a proprietária, e fazer a empresa ser o que ela é hoje.
Procurei pelo senhor, mas nunca o encontrei... Até que hoje o vi nessa situação. Hoje o senhor não dorme mais na rua... Vai comigo para a minha casa. Amanhã, compraremos roupas novas, e o senhor vai vir trabalhar comigo...
Se abraçaram, chorando.
O policial, o garçom, e os demais que viam essa cena, se emocionaram diante da grande lição de vida, que tinham acabado de presenciar!!!

MORAL DA HISTÓRIA:
Faça sempre o BEM... Um dia ele retornará em dobro para você..

(Autor desconhecido)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Mirante


Lá estava ela. Vinha com aquele olhar, misto de certeza e insegurança. Como conseguia? (...) Eu já nem me importava mais com as pessoas ao redor. Só queria tê-la ao meu lado...
Fico pensando porque eu ainda estava ali. Não fazia sentido. Nada fazia, aliás. Ela finalmente chega e lhe digo:
- É um plano ambicioso, este seu.
- Está pensando em desistir, é? – Ela retruca. Aquele tom bravo em sua voz, mesmo que fingido, a deixava ainda mais deslumbrante. Mas eu ainda me perguntava o que estava fazendo ali com ela.
- Não, não... Só um comentário mesmo... – as palavras saíram da minha boca sem eu nem raciocina-las primeiro. O que estava acontecendo?
- Eu entendo o que está sentindo. Minha situação não é muito diferente da sua. Ao contrário, talvez seja até pior – disse ela, com um tom de angústia em suas palavras.
Uma corrente de vento nos acerta em cheio, fazendo seus cabelos balançarem e cintilarem à luz do pôr do sol. Percebi então que não tinha mais volta. Estávamos os dois sozinhos, fazendo planos que nunca sonhei que estaria fazendo agora. Eu não deveria estar ali. Não podia. Mas a vontade era maior que tudo, maior que eu.
Eu nos observava como se fosse outra pessoa. Parecia que ela estava viajando num mundo paralelo, não estava ali comigo. Estava? Vagando em meus pensamentos, imaginava o que poderia acontecer se a verdade viesse à tona, e isso me causava um frio na espinha, uma vontade incontrolável de sair correndo e me esconder de tudo e de todos... de me esconder de mim. Imaginava as consequências deste ato, que mesmo que ninguém no mundo soubesse, iríamos carregar a vida inteira. E enfim imaginei como eu estaria agora se fosse tudo diferente, ou se não tivéssemos nos conhecido naquele dia... Ah... aquele dia... Eu já estava nervoso, quando ela apareceu... E de repente tudo vira de cabeça para baixo.
O silêncio pairou entre nós mais uma vez. Olhávamo-nos como se um lesse a mente do outro. Era estranho como não falávamos quase nada, ou o que era falado o fazíamos o mais implícito possível, mas mesmo assim conseguíamos entender o real sentido das palavras.
- Como? – Eu pergunto.
Ela desviou o olhar, e em seguida me fitou novamente, e soltou o ar dos pulmões como se pesasse vários quilos.
Como, eu ainda pensava. Mas ela não sabe responder. Não sabe sequer como tudo isso começou, e nem onde vai parar...

Desconcerto

Des com certo

Certo?
Des-certo?
Com certo desconcerto
Vou consertando o certo
Certo? Concreto!
Diz certo, só diz.
Concreto, sem credo, sem teto.
Sem teto, sem concreto, sem nada certo.
Não diz certo... Nada disserto.
Desconcerto de um concreto.
E pó.
Poder não pode.
Mas quero.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Frases: Lúcio Cardoso

"Só as pessoas verdadeiramente fortes podem viver na realidade definitiva das coisas; quase todo mundo vaga numa atmosfera morna de fantasia."
Lúcio Cardoso

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A vida me ensinou...

"A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo,
Sem tira-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostra-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade,
Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir;
Aprender com meus erros .
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças;
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo,
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente,
Pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente,
Pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e esta me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher."

Charles Chaplin

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Apneia

 
Apnéia

É um mundo vivo, imerso em mares de idéia
desperdiçado por almas mortas em eterna apnéia

Corações encouraçados com a pele de Neméia
Duros como rocha e retrógrados como Pangéia

Quem disse que é preciso crescer pra ser visto?
Quem disse que é preciso morrer pra ser lembrado?
Quem disse que o amor e o ódio andam lado a lado?

Ninguém te disse nada, mas alguém te disse tudo
e você sempre aí a se considerar um cara sortudo
ouvindo e acreditando que foram anos de estudo
Descobrindo por não ser surdo o motivo de ser mudo

Imagino a hora que chegue o fim da sua luta
Que se encerre a era de mais um filho da vida
de quem se espera toda a seiva e toda a fruta
de quem se bebe a última gota da última ferida

E a gente aqui...
por: Alex Lopes (Whyte)