domingo, 17 de abril de 2011

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto
Fecha o meu livro se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é fogo, volúpia ardente
Tristeza esparsa, remorso vão...
Dói-me nas veias, amargo e quente,
Cai gota-a-gota do coração

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre...
(Manuel Bandeira)

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